Por Sd Walter
As mortes por arma de fogo predominam nas estatísticas
Renildo Francelino, Dalvimar da Silva, Gleydson
Fagundes, Elcione Borges. Laykson Franklin, Wendell Evandro, Elionai Tavares,
Kerginaldo Pereira. Abimael Wilk e Euclides Fernandes. Esses são apenas 10 dos
quase 200 nomes que compõem uma lista escrita com letras de sangue em páginas
da violência. O Rio Grande do Norte registrou durante os 100 primeiros dias de
2012, 199 assassinatos. Em média, 14 por semana. Os números escondem as
histórias que formam uma realidade cruel e desumana. As estatísticas são encobertas
pela fumaça densa e branca do crack e abafada pelo estampido das pistolas
automáticas.
Cada homem e mulher que tombou sem vida no
território potiguar se tornou marca de uma crescente violência. Os
"alvos" possuem perfis comuns e formam o padrão da morte. Quase 50%
dos assassinatos envolvem jovens entre 15 e 25 anos - a grande maioria homens -
e em mais de 90% dos casos foram utilizadas armas de fogo. As execuções têm
como característica principal a ligação das partes com a comercialização de
entorpecentes.
A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE reuniu
durante mais de três meses as identidades das vítimas do descaso do Estado com
a segurança pública. Os dados foram atualizados diariamente através do
website da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (Sesed),
baseado no registro de óbitos do Instituto Técnico-científico de Polícia
(Itep). Apesar da riqueza de detalhes e informações à disposição da polícia,
diversos casos permanecem sem solução e se acumulam em uma pilha que talvez
nunca seja esclarecida.
Enquanto os números se avolumam, a sociedade não vê
os projetos previstos saírem do papel. A famigerada Divisão de Homicídios pode
não se concretizar em 2012 e a Secretaria de Segurança já estuda outras medidas
para conter o avanço da criminalidade. Para o secretário Aldair da Rocha,
"a saída é investir".
A impunidade compromete a credibilidade do trabalho
policial e dá espaço para o ciclo da criminalidade. A opinião é do promotor de
Justiça de Investigação Criminal, Wendell Bethoven Ribeiro Agra. "Faz 15
anos que eu estou no Ministério Público e 12 que estou nessa promotoria. Posso
dizer que eficiência da PC diminuiu nesse intervalo de tempo. Há 10 anos, a PC
funcionava melhor do que funciona hoje", afirmou.
O Rio Grande do Norte revive o cenário traçado pelo
escritor João Cabral de Melo Neto há mais de 50 anos, em seu "Morte e Vida
Severina": "Morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a
morte que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos
vinte". A morte severina agora ganhou traços da vida urbana, em que se
mata por uma pedra de crack, por um cigarro de maconha. Por quase nada.
Secretaria espera por investimentos
"Aguardamos investimentos maiores na área de
segurança pública". As palavras são do secretário Aldair da Rocha. Em
entrevista, o titular da pasta esclareceu que está tentando pôr em prática os
projetos, mas tem enfrentado dificuldades. Para ele, "daqui pra frente, há
uma saída: investir".
Quando assumiu a pasta no início de 2011, Aldair diz
ter se surpreendido com a quantidade de casos de homicídios não resolvidos.
"Mas por que isso acontecia ou ainda acontece? Não temos uma estrutura
adequada de investigação de homicídios", apontou.
Desde o começo da sua gestão, o secretário apontou
como prioridade a instituição de uma Divisão de Homicídios. "Tenho falado
desde o início da necessidade de se criar uma Divisão. Até o momento,
infelizmente, não conseguimos o efetivo e nem a estrutura para criar essa
divisão de homicídios. Ela é primordial na seqüência do trabalho".
Enquanto o reforço policial não surge, a Secretaria
pretende disponibilizar equipes da Delegacia Especializada de Homicídios para
investigar casos que ocorram nos finais de semana. "O delegado-geral
está estudando o caso. Assim, na sexta, sábado e domingo, quando ocorre a maior
concentração de homicídios, montaríamos uma plantão da Delegacia de Homicídios.
Ela mesmo atenderia o chamado daria início às investigações. Ainda vai depender
de diárias operacionais e horas extras". Hoje, a Dehom só recebe casos
depois que as distritais não consegue resolvê-los.
Segundo ele, a sua gestão tem progredido, ainda que
"lentamente". "Temos os projetos e temos encaminhado para a
governadora a nossa vontade de trabalhar. Estamos progredindo, mas ainda muito
lentamente", afirmou. Um exemplo do progresso citado foi a informatização
das 15 delegacias distritais, com o funcionamento do boletim e procedimentos
policiais eletrônicos. "Isso vai nos permitir o controle sobre a
produtividade das delegacias da Grande Natal. Quero partir para as
Especializadas e depois para o interior", esclareceu.
O secretário também enxerga um avanço quanto ao
policiamento na Região Oeste do RN. "Lá, a gente conseguiu melhorar a
parte de investigação. A Divisão de Polícia do Oeste (Divpoe) foi instituída
sob o comando do delegado Odilon Teodósio, que tem feito um bom trabalho. A
Polícia Militar também melhorou com a criação de um novo batalhão para
Mossoró".
Sd Walter
ResponderExcluirFoi você mesmo quem escreveu essa matéria ?
se a resposta for sim, você está de parabéns, ficou muito bem escrita, com informações, dados, e principalmente seu ponto de vista, que é o mais importante, pois necessitamos da visão policial dos fatos ocorridos em nossa região, é de extrema importância saber o que se passa na cabeça daqueles que são incumbidos de nos proteger.
Olá, Penelope. Estaria sendo um "baita" de um mentiroso se lhe dissesse que eu escrevi essa Matéria.Não que não fosse capaz, modéstia a parte(rsrsrs), mas esses são dados obtidos pela TRIBUNA DO NORTE, frente à Secretaria de Segurança Pública do RN. Veja que são dados muito precisos e que foram colhidos durante um bom tempo, pra poder se tornar nesse texto espetacular. Também achei um máximo o teor, especialmente quando o autor faz uma perfeita analogia à Obra Morte e Vida Severina. Mais uma vez, obrigado e continue comentando.
ExcluirSD PM WALTER
Sd Walter,
Excluirfico feliz pela sinceridade por você ser verdadeiro e reconhecer os créditos de suas fontes, continuem assim, objetivo e coerente com suas publicações. fico também feliz em saber que está aberto à criticas.